Pela primeira vez, a Bahia tem mais de 100 mil matrículas presenciais em instituições públicas do ensino superior. O número é do Censo de Educação Superior, relativo a 2015, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC). O estado teve um acréscimo de 3,93% em relação ao ano anterior, passando de 96.778 matrículas em 2014 para 100.583 em 2015. Somando-se o ensino superior privado, o estado teve 326.536 matrículas em 2015, um acréscimo de 2,71%.
O ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Naomar Almeida Filho, comemorou o marco. “A Bahia era um dos estados com menor oferta de vagas públicas. Assumi a reitoria em 2002, quando a Ufba era a única federal. Fizemos um processo de interiorização, começando pela fundação da UFRB e criando os campi de Vitória da Conquista e Barreiras, hoje Federal do Oeste”, conta o hoje reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
Apesar do aumento, a velocidade de crescimento começa a diminuir. De 2014 para 2015, houve menos ingressantes do que de 2013 para 2014. Naomar atribui a queda ao arrocho financeiro do governo federal. “Desde o ano passado, o governo reduziu investimentos e orçamento das federais. Isso diminuiu a dinâmica do crescimento das novas instituições”, analisa, dando o exemplo da universidade gerida por ele. “Na UFSB nosso principal problema é professor. Contratamos 150 há dois anos e estamos na expectativa de abertura de concursos. Sem concurso, não dá para crescer em grande velocidade”, explica.
No setor privado, a quantidade de ingressantes caiu ainda mais. É o que conta o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras dos Estabelecimentos de Ensino Superior da Bahia (Semesb), Carlos Joel Pereira. “Com a crise econômica, mesmo aqueles estudantes que pagam mensalidade direta (sem contribuição de programas do governo) deixaram de buscar o ensino superior, com medo de não conseguir pagar a mensalidade”, afirma.
Pereira também atribui essa diminuição da quantidade de calouros a mudanças no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). “Houve, em 2015, uma crise política de manipulação de informações, em que o sistema estava programado para não efetuar novos cadastros. Isso gerou todo um clima de mal-estar e insegurança jurídica, muita gente deixou de fazer inscrição. Ainda houve diminuição das vagas”, conta.
O presidente do Semesb não enxerga um futuro promissor para as faculdades. “Não há expectativa de melhoria. O modelo do Fies como está posto, não se comunica com o candidato à vaga, não há uma comunicação eficiente do governo para a captação do aluno. Além disso, a crise econômica tem afastado famílias que se dividiam para pagar a mensalidade do aluno”, lamenta.
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