O mundo mudou nos 15 anos que se seguiram aos atentados em Washington e Nova York, e o terrorismo islâmico já não se restringe mais ao Ocidente. Reveja os principais ataques terroristas que abalaram o mundo desde 2001.
O mundo entrou na "guerra contra o terror" após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA, com o objetivo de destruir a rede terrorista islâmica Al Qaeda. O que começou com uma operação militar contra o Talibã, no Afeganistão, transformou-se na Guerra do Iraque. Pelo menos é isso o que se acredita no Afeganistão.
Dez anos depois, em 2 de maio de 2011, uma unidade especial de operações dos Estados Unidos encontrou e matou em seu esconderijo, no Paquistão, o mentor dos ataques de 11 de Setembro, Osama Bin Laden.
Naquela época, a Síria já estava assolada pela guerra civil, iniciada depois dos protestos pacíficos contra o regime. As manifestações fizeram parte da Primavera Árabe, que deveria revolucionar todo o Oriente Médio – mas, em muitos países, não resultou em mais democracia.
Mais tarde, o conflito no Iraque fez surgir o "Estado Islâmico" (EI). Passados 15 anos desde o 11 de Setembro, o EI se tornou o principal espectro do terror. E, ao mesmo tempo, em muitas sociedades, principalmente nos EUA e em muitos países europeus, a islamofobia cresceu.
Depois do atentado de 11 de Setembro, o mundo se apresenta como uma complexa ainda mais rede de reações e contrarreações. Desde então crescem também as hostilidades contra muçulmanos no Ocidente, agravadas agora pela crise migratória. Populistas de direita em toda a Europa se beneficiam da islamofobia.
Relembre os principais ataques terroristas desde o 11 de Setembro:
Espanha
Em 11 de março de 2004, terroristas explodiram bombas em trens da capital, Madri. Foram os primeiros ataques graves de islamistas na Europa Ocidental. No horário de pico, dez explosivos foram detonados em quatro trens lotados, matando 191 pessoas e deixando mais de 1.800 feridos. A rede terrorista internacional Al Qaeda reivindicou a autoria do atentado.
Reino Unido
Em 7 de julho de 2015, quatro ataques suicidas aconteceram quase simultaneamente: três bombas explodiram em linhas do metrô e uma em um ônibus de dois andares. Ao todo, 52 pessoas morreram e 700 ficaram feridas.
França
O primeiro grande ataque ocorreu contra o jornal satírico Charlie Hebdo. Em 7 de janeiro de 2015, dois terroristas invadiram a redação em Paris e mataram 12 pessoas. Num supermercado kosher, um homem tomou como reféns clientes e funcionários, resultando em quatro mortes.
Poucos meses depois, em 13 de novembro de 2015, mais um atentado: uma série de ataques contra bares, restaurantes e uma sala de concertos em Paris deixou ao menos 130 mortos e cerca de 350 feridos. A milícia terrorista EI reivindicou os atentados.
Em 14 de julho de 2016, durante as festividades do Dia da Bastilha, um caminhão avançou sobre uma multidão em Nice, no sul da França, e matou 86 pessoas. Como consequência dos atentados em Paris de 13 de Novembro, a França decretou estado de emergência e endureceu as leis antiterrorismo.
Bélgica
Em 22 de março de 2016, terroristas explodiram bombas no aeroporto de Bruxelas e numa estação de metrô, matando 38 pessoas.
Antes disso, em maio de 2014, um homem que havia regressado da Síria disparou tiros na área da entrada do Museu Judaico de Bruxelas, matando quatro pessoas.
As autoridades de segurança da Bélgica estão em nível de alerta elevado há anos. Molenbeek, distrito de Bruxelas, se revelou como "ninho" do terrorismo. Terroristas responsáveis pelos atentados de Paris teriam planejado as ações no local.
Turquia
Por conta da guerra civil na vizinha Síria, a segurança no país também piorou. Juntamente com a violência dos curdos, o EI aterroriza cada vez mais o país. O exemplo mais recente: um ataque suicida numa festa de casamento, em 20 de agosto de 2016 no sudeste do país, que deixou ao menos 54 mortos.
Dois meses antes, em 28 de junho, supostos membros do EI realizaram um ataque com bombas no aeroporto de Istambul, onde 45 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas.
Em março de 2016, um homem-bomba se explodiu em uma rua de comércio no centro de Istambul, matando também quatro turistas estrangeiros – três israelenses e um iraniano. Esse ataque – assim como o de 12 de janeiro quando outra explosão de um homem-bomba no centro de Istambul matou 12 turistas alemães – tiveram suas autorias reivindicadas pelo EI.
Há cerca de um ano, em outubro de 2015, um atentado em uma manifestação contra o governo em Ancara matou mais de 100 pessoas. O EI também assumiu a responsabilidade pelo ataque. Em novembro de 2003, islamistas já haviam matado mais de 50 pessoas em ataques contra instituições britânicas e também contra uma sinagoga em Istambul.
Rússia
Em outubro de 2015, um Airbus A321 da companhia aérea siberiana Kolavia (que também opera com o nome MetroJet e Kogalymavia) caiu na Península do Sinai, no Egito. A aeronave decolou de Sharm el-Sheikh com destino São Petersburgo. Todos os 224 passageiros, a maioria deles da Rússia, morreram. O EI reivindicou a autoria do atentado.
Indonésia
Há anos, o maior país muçulmano do mundo é abalado por ataques terroristas. O mais grave ocorreu em 2002 na popular ilha de Bali. Atentados com bombas em discotecas principalmente frequentadas por turistas mataram 202 pessoas. A maioria das vítimas era da Austrália. Outros ataques também foram realizados contra hotéis de luxo e num bairro favorito dos turistas estrangeiros na capital do país, Jacarta.
Índia
Por várias vezes, a metrópole financeira indiana Mumbai foi seriamente atingida por atentados terroristas. Em 11 de julho de 2006, sete bombas explodiram quase que consecutivamente em trens e estações lotadas. O atentado é considerado a primeira ação terrorista grave desde o 11 de setembro. Na série de ataques, cerca de 190 pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas.
Dois anos mais tarde, em 28 de novembro de 2008, vários terroristas mataram com armas automáticas e granadas de mão ao menos 171 pessoas, e mais de 300 ficaram feridas.
Paquistão
Desde o 11 de Setembro, milhares de paquistaneses perderam suas vidas em ataques terroristas. A "guerra contra o terror" também deixou muitas vítimas. No país, o inimigo número um dos EUA, Osama Bin Laden, líder Al Qaeda, se escondeu por cinco anos antes de ser morto por uma unidade especial de operações americana.
Ataques semanais contra policiais, soldados, tribunais e equipes de vacinação contra pólio se tornaram uma triste realidade no Paquistão. A comunidade internacional ficou horrorizada com o ataque contra uma escola militar em Peshawar, em dezembro de 2014, que deixou 134 crianças mortas. Um atentado suicida também chocou o mundo na Páscoa de 2016: 70 pessoas, incluindo crianças e cristãos, morreram em um parque em Lahore.
África Oriental
Há anos, a milícia terrorista radical Al Shabaab, que possui ligações com a Al Qaeda, leva o medo e terror para toda a parte oriental da África. A Somália, já assolada por uma guerra civil e o onde o grupo terrorista tem suas raízes, é particularmente afetada. A milícia luta há anos com violência em prol de uma teocracia islâmica no país. Para atingir seu objetivo, ela realiza repetidamente ataques contra instalações do governo ou hotéis. A milícia somali ainda controla algumas regiões rurais da Somália.
Também no Quênia, a Al Shabaab perpetrou vários atentados. Em 2013, os terroristas mataram mais de 60 pessoas num centro comercial na capital queniana, Nairóbi. Dois anos depois, em abril de 2015, apoiadores da milícia terrorista realizaram um massacre no campus da universidade de Garissa, no nordeste do país. Eles atiraram especificamente contra estudantes cristãos, e quase 150 morreram.
Em Uganda, a Al Shabaab realizou ataques contra torcedores de futebol. Na capital Kampala, 76 espectadores morreram e mais de 80 ficaram feridos após um ataque a bomba numa fan zone com telão ao ar livre na final da Copa do Mundo de 2010, no dia 11 de julho.
África Ocidental
O grupo terrorista islamista Boko Haram luta com violência por uma teocracia no norte da Nigéria, de maioria muçulmana. Desde 2003, milhares de pessoas morreram em ataques contra as forças de segurança, autoridades, igrejas e escolas. Em um dos piores ataques, na cidade de Baga, no leste do país, relatos da mídia afirmam que, em um único final de semana no início de janeiro de 2015, até 2 mil pessoas foram mortas.
Há a suspeita de que o Boko Haram tenha ligações com a Al Qaeda. No final de 2013, os EUA colocaram o grupo em sua lista de organizações terroristas. Os jihadistas também matam nos países vizinhos Camarões, Chade e Níger.
Norte da África
O terrorismo islâmico também afeta países do Magreb, como Marrocos, Argélia e Tunísia. Os principais alvos são locais turísticos populares. Em junho de 2015, um apoiador do EI matou a tiros 38 turistas, a maioria britânicos, no balneário tunisino de Port el-Kantaoui, perto de Sousse.
Poucos meses antes, em março de 2015, os jihadistas mataram no Museu do Bardo, na capital Tunis, 21 pessoas – a maioria deles turistas estrangeiros. Mais uma vez, a milícia terrorista EI reivindicou a autoria do ataque.
EUA
Após o 11 de Setembro, mais três locais dos Estados Unidos foram palco para o terrorismo islâmico: Boston, San Bernardino e Orlando. Em 2013, três pessoas morreram e 260 ficaram feridas em um ataque a bomba na maratona de Boston.
No início de dezembro de 2015, um casal matou 14 funcionários doa área da saúde em San Bernardino, na Califórnia. Os dois declararam lealdade ao EI. O grupo terrorista também foi relacionado a um atentado contra uma boate gay em Orlando, onde 49 pessoas foram mortas a tiros.
Por Vera Kern (fc)
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