Após quatro horas de paralisação, os ônibus das concessionárias Ot Trans, Plataforma e Salvador Norte (CSN) voltam a circular pela cidade na manhã desta sexta-feira (15). O protesto começou por volta das 4h, e os coletivos permaneceram nas garagens e só deixaram as empresas por volta das 8h.
Ainda assim, muitos coletivos estão passando direto nos pontos de ônibus e circulando com o letreiro 'garagem' exposto. O Correio percorreu os principais corredores de transporte da cidade e viu que os pontos de ônibus já estavam cheios desde o início desta manhã. A auxiliar de classe Maria, 52 anos, estava aguardando um ônibus em frente ao Mercado do Rio Vermelho desde às 7h30.
O objetivo dela era chegar ao trabalho no Costa Azul. Mesmo sabendo da paralisação desde a noite de quinta, ela resolveu tentar. "Quem vai pagar se eu pegar um táxi ou mototáxi? Eu prefiro ficar esperando aqui mesmo", afirmou.
As amigas Jocilene Silva, 29 anos, e Adriana Lima, 30, moram ao lado da garagem da antiga Praia Grande (Consórcio Plataforma), e assim que deu 8h elas foram direto para a porta da garagem esperar um ônibus para ir ao trabalho.
"Às vezes a gente vai para o ponto quando tem paralisação e eles nem param. Então, melhor vir pra cá", afirmou a depiladora Jocilene. Já atrasada para o trabalho, ela estima mais 1h para conseguir chegar no destino final: Brotas.
Já a manicure Adriana trabalha em Ondina e estava concentrada para não perder o ônibus certo, já que muitos saem da garagem sem o destino descrito no letreiro. "Olhe lá, passou o Ondina vazio. Vou acabar voltando para o ponto de ônibus", contou.
A paralisação faz parte da campanha salarial da categoria. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Fábio Primo, o descumprimento de parte do acordo coletivo feito entre a categoria e as empresas dos consórcios e as contrapropostas apresentadas pelas empresas foi o estopim do ato.
"Estamos em campanha salarial. Nossa data-base é primeiro de maio. Apresentamos nossa proposta na semana passada, uma pauta menos extensa do que a do ano passado, e eles vieram com uma contra-proposta com vários itens", disse Primo.
Entre os itens que mais causaram revolta aos rodoviários está a proposta das empresas de retirar os cobradores dos roteiros locais nos finais de semana. "Eles não trabalhariam aos sábados e domingos. Eles também querem criar um banco de horas e tirar nossa hora extra - colocar todas elas a 50%. Eles também não implantaram o empréstimo consignado, que é um direito do trabalhador previsto pela lei e aprovado desde o ano passado na assinatura do consórcio", afirma o representante da categoria.
Não há outros atos ou paralisações previstos para acontecer durante o final de semana ou na semana que vem, informou Primo. Ontem (14), Daniel Mota, diretor de comunicação do Sindicato dos Rodoviários, disse que o protesto também era uma manifestação contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que será votado pela Câmara no domingo.
"Primeiro a gente tem uma pauta de reivindicações que foi entregue aos empresários, eles têm uma contraproposta que não atende. É um protesto pela falta de capacidade de negociar dos empresários. E também é um apoio à democracia contra a perpetração de um golpe dos empresários, através da Fiesp, das empresas", disse Mota, diretor de comunicação do sindicato. "Somos a favor da democracia, contra o impeachment da presidente Dilma".
Pontos de ônibus
Na manhã desta sexta-feira, mesmo com a paralisação da categoria, muitos pontos de ônibus estavam cheios de pessoas à espera do transporte. Todos os pontos de ônibus na avenida Vasco da Gama, dentro e fora da faixa exclusiva, estavam cheios nesta manhã, assim como o ponto da Ceasinha, na região do Retiro e na Avenida San Martin.
Vans e topics clandestinas, assim como mototaxistas, também circularam pela cidade oferecendo alternativas de transporte. Após uma noite de trabalho, o pintor Ubirajara Gomes já esperava há duas horas no ponto de ônibus na região do Iguatemi para chegar até sua casa, no bairro de Pero Vaz.
"Peguei ontem às 22h, já tinha ouvido falar da paralisação, mas não tinha jeito, tinha que ir trabalhar", explicou. A alternativa para Ubirajara é um dos transportes clandestinos que estão circulando nas principais vias da cidade. "Eu estou esperando uma topic que seja pelo menos via Largo do Tanque, para que eu possa pegar outra depois. Mas nem isso está passando, só tem via BR e Paralela", disse.
Já na avenida ACM e na região do Iguatemi, assim como no bairro da Federação, ficou com a maioria dos pontos de ônibus vazios ou desertos.
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