Aparecida, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, ficou lotada desde as primeiras horas da manhã neste 12 de outubro. O Santuário Nacional recebeu mais de 132 mil romeiros vindos de todas as regiões do País.
As celebrações tiveram início às cinco da manhã e seguiram, lotadas, até a noite lotadas. Muitos peregrinos se espremeram para conseguir enxergar o altar ou alguns dos vários monitores espalhados pelo templo religioso.
Na missa solene, presidida por d. Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, abriu oficialmente o ano jubilar e o Ano Mariano. Em 2017 a igreja católica celebra os 300 anos de aparecimento da imagem nas águas do rio Paraíba do Sul. A celebração teve a presença de políticos devotos da santa, como o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e sua esposa, Lu Alckmin, além dos secretários de turismo e de segurança pública do Estado, somados aos prefeitos do Vale do Paraíba, que ocuparam aproximadamente 30 lugares reservados no templo.
FÉ E DEVOÇÃO
As histórias de fé e devoção se mostraram pelo intenso movimento de romeiros que chegaram à cidade a pé, ocupando todo o acostamento das pistas da Via Dutra. Por toda a extensão da rodovia, voluntários davam apoio aos peregrinos. Um grupo de amigos de São José dos Campos ocupou o canteiro de um posto de combustível em Pindamonhangaba para distribuir água, frutas e lanches aos devotos de Nossa Senhora Aparecida.
"A ideia surgiu depois que vimos o ano passado a grande quantidade de pessoas que seguem a pé para Aparecida. Em um churrasco, na última semana, reunimos os amigos e saímos arrecadando as coisas. Ano que vem queremos montar uma estrutura melhor, não tem preço ajudar essas pessoas", comentou a vendedora Valéria Aparecida Santana.
A solidariedade no caminho motiva quem está chegando ao destino final. Rosilene Antunes dos Santos, auxiliar de escritório, elogiou os ponto de apoio. "É muito importante, dá um ânimo maior pra gente, pois o caminho é pesado".
PEREGRINAÇÃO
Quem fez a peregrinação pela primeira vez sentiu o esforço físico que o trajeto exige. "Estou com bolhas nos dedos, minha unha já está roxa, agora vou seguir somente com meia. Não penso em desistir, mas é difícil, complicado", contou a vendedora de 40 anos, Márcia Cristina da Silva, que fez a caminhada em agradecimento pelo filho de 7 anos, que nasceu após três perdas de bebês por conta da diabetes.
Há quem busque ajuda para saúde de algum familiar, há quem venha apenas como companhia, há também os fiéis que repetem o rito todos os anos em agradecimento por alguma graça ou simplesmente como demonstração de fé, um reforço espiritual.
Entre os inúmeros motivos da peregrinação de fiéis, sentada à beira do jardim do Santuário Nacional, estava dona Marilene Clautildes de Souza, uma senhora de 61 anos, vinda de Itabuna, na Bahia, segurando duas velas de um metro de altura. Viúva, mãe de seis filhos e avó de 16 netos. Depois de 32 anos morando com seu companheiro, ela sonha em casar-se no Santuário de Aparecida.
Com um brilho no olhar, emocionada, ela comentou seu pedido deste 12 de outubro. "Ele não veio, ficou em casa cuidando dos bichos [o marido cria gatos de estimação]. Quem sabe quando ele vier comigo a São Paulo a gente se case aqui, é o meu sonho", contou.
"Hoje eu estava aqui participando da missa e fiquei pensando será que eu posso casar aqui sozinha?", indagou a senhora com certa euforia.
Sonho ou agradecimento, as histórias parecem se repetir a todo instante. "Vim pedir saúde, paz e amor", disse Silvia Machado Castro Martins, peregrina de São João de Meriti (RJ), que veio a Aparecida pela segunda vez no 12 de outubro. "Para mim, estar aqui é uma sensação de dever cumprido, me emociono só de pensar", comentou com os olhos cheio de lágrimas após acender uma vela na Capela das Velas e fazer a sua prece.
Segundo o Santuário Nacional, mais de 132 mil pessoas passaram pelo templo durante todo o dia. Em praticamente todas as missas celebradas no dia dedicado a Santa, o espaço foi disputado pelos fiéis, aproximadamente 35 mil pessoas a cada celebração.
O dia em Aparecida terminou com a procissão solene, a última missa da novena e shows que animaram o público, como Renato Teixeira, autor da música Romaria, Gino e Geno, Rio Negro e Solimões e o cantor Rick Sollo, com canções voltadas à religiosidade.
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