Autoridades alemãs anunciaram nesta quarta-feira (09/07) que estão investigando um novo caso de espionagem por parte dos Estados Unidos. De acordo com a imprensa alemã, o episódio é considerado ainda mais grave do que a descoberta do agente duplo que trabalhava para a CIA e foi preso na semana passada.
[caption id="attachment_2672" align="alignleft" width="300"] Merkel afirmou que denúncias não atrapalham negociações comerciais entre os países.[/caption]
O Ministério da Defesa afirmou à agência de notícias DPA que, de acordo com as suas próprias investigações, o ministério, as Forças Armadas e o Serviço Militar de Contra-Espionagem (MAD) podem ter sido espionados.
O caso cria um novo atrito nas relações com Washington, já prejudicadas por outros episódios de espionagem. O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou que "há claras diferenças entre nosso governo e o dos EUA em relação à política de segurança" e reconheceu que todo o contexto relacionado ao escândalo de espionagem em massa havia "ferido a confiança" de Berlim em um aliado "de enorme transcendência".
De acordo com um comunicado do ministério público, “os agentes da Polícia Federal revistaram a residência e o escritório de um suspeito de espionagem em Berlim. Mas não foi realizada qualquer detenção".
De acordo com a agência Reuters, o suspeito de trabalhar para a inteligência norte-americana é militar e trabalha no ministério da defesa em Berlim. Aparentemente essa revelação não tem conexão com o caso do funcionário do Departamento Federal de Investigações (BND, em alemão), também acusado de espionar para os Estados Unidos.
Após as denúncias, a secretaria geral do SPD (Partido Social Democrata) pediu a “retirada imediata dos funcionários da embaixada dos EUA envolvidos no caso” e a “cessação imediata de toda espionagem” no país.
O ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, em entrevista ao jornal Saarbrücke Zeitung, afirmou que "a tentativa de obter informações sobre as posições alemãs por métodos conspiratórios é vergonhosa e inadequada".
O embaixador norte-americano na Alemanha, John B. Emerson, foi chamado novamente hoje ao Ministério do Exterior em Berlim para dar explicações. O conteúdo do encontro não foi divulgado.
Agente-duplo
O jornal Süddeutsche Zeitung classificou a nova denúncia como sendo mais séria do que a revelada na semana passada.
No caso anterior, o suspeito teria espionado ao longo de dois anos e vendido 218 documentos por cerca de 25 mil euros para um serviço secreto dos EUA. Integrantes do governo alemão pediram no domingo passado (06/07) aos Estados Unidos que respondam rapidamente sobre o suposto agente-duplo.
Na segunda-feira (07/07), ao comentar o caso, Merkel disse que se confirmadas as denúncias seria "muito grave". Os documentos incluíam detalhes de uma investigação de um comitê parlamentar sobre as alegações do ex-colaborador de inteligência dos EUA Edward Snowden de que Washington realizava vigilância na Alemanha, inclusive no telefone de Merkel.
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